Prometi a mim mesma que este ano seria de poucas lágrimas, que pouca coisa me faria chorar.
Mas hoje aqui estou, a quebrar a minha promessa.
A chorar. Lágrimas de dor, de saudade, de tristeza.
Porque por vezes a realidade brilha mais forte, e atinge-nos de tal forma que parece que antes não estava lá.
Porque por vezes abrimos um pouco mais os olhos e conseguimos ver algo que antes não víamos.
Porque por vezes há dias assim, mais intensos, mais profundos, que nos chegam às entranhas, que nos ferram o coração como punhais.
Porque por vezes sentimos uma maior dor por algo que antes nos passava ao lado.
Porque por vezes estamos mais atentos e vemos mais além de nós.
Porque por vezes alcançamos o nosso interior de uma forma nunca antes alcançada.
Porque temos saudades de algo ou alguém que conhecíamos tão bem, ou talvez não.
Porque sentimos falta de algo que nunca tivémos.
Porque sentimos angústia por um sofrimento que não é nosso.
Porque queremos ser quem não somos, ou porque não queremos ser o que somos.
Porque temos saudades do que já fomos ou do que um dia seremos.
Porque somos assim, ou quase.
Lágrimas de vazio, de espaços por preencher.